terça-feira, 24 de maio de 2011

A cartilha gramatical do porão escolar


Cida Bastos ( Mas, isso é só uma questão de opinião)


Estou pasma com a situação da educação no Brasil!Nunca imaginei presenciar algo tão repugnante no sistema educacional. O que falar para aqueles que seriam ou serão o futuro do Brasil, ou melhor, não serão absolutamente nada diante de tantas “facilitações” de aprendizados.
Estamos diante de estudantes que são depositados nas instituições escolares como ratos que se quer tem direito a um local auspicioso. “A esperança do país”, cadê? Perdeu-se em meio a facilidades ofertadas pelo governo brasileiro. Ninguém precisa passar pelo “transtorno” da reprovação passa-se a “migué”, professores sem a menor condição de requalificação, identidades dos alunos perdidas nos porões escuros, com as lâmpadas queimadas e carteiras (se tiver) quebradas. Medo! Isso é pouco diante do nível de violência nas escolas.
Como se não bastasse, tive recentemente a certeza que NADA vai ser feito aos frequentadores dos porões escolares espalhados de Norte a Sul do país. Principalmente ao receber a notícia da distribuição do livro didático “Por uma Vida Melhor”, da professora Heloísa Ramos, ao qual o MEC é responsável. Mas isso, seria uma ótima notícia, afinal, 485 mil estudantes, jovens e adultos, terão acesso a um livro de Português que vai lhe oferecer uma vida melhor, mas na verdade o seu conteúdo espantou toda a nação com a aceitação dos erros gramaticais que assassina a língua portuguesa. Uma afronta a um direito básico, a EDUCAÇÃO.
Na minha cabeceira, tenho acesso constante com dois livros “Os erros mais comuns da língua portuguesa” de Alpheu Tersariol e “Redação: Assim é fácil” do professor baiano Jorge Portugal. Os tenho em mãos, pois sabendo que conviver com erros constantes no português é altamente contagioso e perigoso.
Ressalto uma citação do prefácio do livro de Alpheu Tersariol: Maltratar a língua portuguesa depõe contra a imagem de qualquer executivo competente, quer do ponto de vista técnico, quer no exercício de suas atividades. Erros de português depõem, e muito, contra os profissionais mais jovens e menos qualificados, podendo até prejudicá-los na sua carreira em ascensão (...). Língua Portuguesa, é nosso dever conhecê-la e amá-la.
Este é o motivo da minha indignação ao ver o meu ideal de cabeceira ser jogado em um esgoto sujo e desumano.
Portugal em seu ultimo parágrafo alerta ao estudante “Não pode ser esquecido: Escrever é desnudar o mundo e a cada texto novo a originalidade deve emergir, com seu ritmo, seus sons, sua textualidade. Escreva, escreva bem, escreva de forma clara, escreva ao mundo que você existe e que coexiste em você o milagre da comunicação!”
Gente, cadê o milagre? O que eu vejo é o purgatório do “Nós Pega” de um livro cedido pelo Ministério da Educação do meu país, hipocritamente intitulado “Por uma Vida Melhor”.
Recentemente eu conheci uma pessoa que com muito esforço próprio conseguiu se alfabetizar aos 18 anos e nos seus 30 esforça-se demasiadamente para aprender assuntos que minha filha desenvolve com facilidade aos seus 11 aninhos (escola particular). Tanto esforço para ter uma retórica melhor, como o próprio ressalta e acrescenta “Quero ter o poder do conhecimento, pois conhecimento é tudo na vida” É isso que ouço sempre de uma pessoa que foi zeladora, passou a vendedor, estuda para ingressar na faculdade para cursar pedagogia e por uma questão não fez o mínimo no exame do concurso dos Correios, mas ele não desistiu.
Quantos teriam esta gana? Quantos estão renegados nos depósitos escolares? São os frequentadores e portadores da doença “analfabetismo funcional”.
Vivemos em uma era de alta competitividade no mercado de trabalho, em que muitos empregos não são preenchidos pela falta de qualificação e o nível de exigência só aumenta. O que será que vai acontecer para os atuais estudantes da nossa nação?
Será preciso quantas Amanda’s Gurgel para cuspir o podre da educação no país, nas faces dos nossos digníssimos deputados?

É o retorno do ensino Mobral de 1967. Boa sorte para os pais dos pobres ratos do porão escolar brasileiro.

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