Produções de entretenimento midiático para o universo infantil, é um desafio para o governo brasileiro.
Por: Cida Bastos
De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Existem aproximadamente 60 milhões de crianças e adolescente em todo território brasileiro, o que equivale a um terço da população.
Estou trazendo essa informação a tona, para destacar que esta camada da população precisa de uma atenção especial na mídia. Mas, quando digo especial, não é somente trazer meios de comunicação e entretenimentos direcionados a este público, como também propor um cuidado relevante para aquilo que de fato é apropriado a uma determinada faixa etária, ou o que muitos chamam no Brasil de: Classificação Indicativa.
O surgimento deste controle, do que é considerado apropriado ou não, para as crianças e adolescente, surgiu no Brasil, por meio da constituição de 1988. A implementação e operacionalização de todo controle dos conteúdos audiovisuais a partir de então, é de responsabilidade do Estado.
È viável deixar claro, que o Estado assume este papel, porém ele não pode ficar só nesta missão. Entre os colaboradores que podem auxiliá-lo estão: a família ou responsáveis legais, os próprios veículos de comunicação, Poder Executivo, Poder legislativo, Poder judiciário e Ministério Público, Setor Privado e a própria sociedade civil organizada.
O discurso sobre os direitos das crianças e do adolescente é um ato socialmente responsável. A mídia no Brasil deve contribuir muito para o avanço da agenda social e até mesmo, mobilizar a população para o cuidado com o que se passa na televisão.
Se adequar ao que pode ser veiculado ou não pelas emissoras de TV ou pelas propagandas de acordo com o horário indicado pela Classificação Indicativa. Recentemente o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) pecou, e está sedo cobrado por uma chamada para a novela Pantanal, durante uma programação infantil. Desejo sorte e competência para a emissora para se adequar às novidades necessárias para o séc. XXI. Isso não é um pecado só do SBT não, a situação é muito mais comum do que parece.
Está mais do que na hora de obter mais um artifício para o controle do que as crianças podem e devem assistir. Você já ouviu falar no V- Chip? Bom, se trata de um dispositivo eletrônico que deveria desde 2001, estar acoplado aos aparelhos de televisão fabricados neste mesmo ano, mas sabe o que acontece? Até hoje, os fabricantes fingem não lembrar da sua existência e os usuários não conhecem este elemento que inibe o acesso a conteúdos não desejados. A lei 10.359/01 da introdução desta tecnologia foi aprovada, alterada duas vezes e prorrogada, mas os fabricantes, por sua vez, seguem sem incluir o dispositivo nas TV´s que produzem. A importância do V-CHIP deve ser destacada como mais um elemento que permite que as programações devem estar indexadas de acordo com o conteúdo que a família deseja bloquear ou liberar, porém é de suma importância que os responsáveis legais saibam operar a tecnologia deste dispositivo e compreendam a importância da Classificação Indicativa no desenvolvimento Infantil.
Está na hora da mídia brasileira acordar para a existência e o cumprimento do código de ética e de conduta no que se refere a auto-regulação. É uma questão de responsabilidade social. São poucos os veículo que contam com a presença de um Ombudsman ( jornalista que faz criticas e sugestões construtivas para o próprio jornal em que trabalha). Muitos apenas usam os conselhos de leitores, mas que nem sempre tem um retorno de fato e acaba se tornando apenas um desabafo que ocupou espaço no veículo.
Se preocupar com os Direitos das Crianças e do Adolescente e se aprofundar no assunto é de suma importância para contribuir com o crescimento da agenda – social. Mobilizar os leitores e telespectadores para exigir os seus Direitos Humanos para melhorar a qualidade de vida de cada cidadão.
A conquista de inserir antes das programações a informação sobre a classificação indicativa é bastante pertinente e importante, mas é um mérito recente e que precisa ser melhorado. O correto seria realizar a informação da mesma forma por todas as emissoras, o que de fato não acontece. Algumas só colocam a informação visual, tantas, visual e auditiva, outras visual, auditiva e com a linguagem do surdo e mudo. Mas a emissora, que vejo que se supera na qualidade deste serviço é a MTV Brasil. Considero que todas as outras deveriam se espelhar nesta pequena emissora no quesito informação da Classificação Indicativa para seu telespectador.
De acordo com Paulo Roberto Ceccarelli no livro Classificação Indicativa: construindo a cidadania na tela da tevê, da rede ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância). A sexualidade infantil está presente desde o nascimento, porém ela tem seu ritmo próprio de conhecimento e a exposição forçada ou prematura pode se tornar um grande problema para um ser humano em constituição e a mídia pode ser uma das grandes responsáveis.
O diálogo com a criança deve de fato ocorrer, mas de acordo com o tempo e a necessidade das crianças em compreender o mundo adulto a sua volta. Tudo deve ser respondido, mas com um cuidado que poucos conseguem.
Outro dia, lendo a revista ISTOÉ, do dia 06 de agosto de 2008. n. 2022. da Editora Três, constava uma reportagem ( “ Até que ponto você pode mentir para seu filho?”) sobre as pequenas mentiras que os pais contam e que as mesmas são responsáveis pela falta de confiança dos filhos naqueles que deveriam ser a sua maior fonte de informação confiável. Digo isso porque sustento a teoria que a mídia ela deve cumprir o papel de aliada na educação.
Desenvolver alguns planos de ações para aperfeiçoar a auto-regulação existente é favorecer para a qualidade midiática de transmitir e informar.
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